segunda-feira, 21 de novembro de 2011

vai saber-me bem

o sol já se põe
sinto na cara
seus últimos raios,
fracos mas quentes,
despede-se á medida
que se esconde,
ao longe
na grande azinheira

passos cansados
de mais um dia
de labuta,
vou deixando
meu rasto a cada passo,
pelo caminho levantam-se
pequenas nuvens de poeira,
como se pisasse poças de pó
e estas se evaporassem no ar

a metros do monte
os cães correm a receber-me
de caudas alegres,
dão voltas e voltas
ás minhas pernas
numa dança
que quase me faz cair

enfio o braço pelo postigo
abro a porta
e pouso a sacola,
cheiro a comida:
minha mulher na cozinha?
apenas lembranças

atiro-me para a cama
de barriga vazia,
dormir vai saber-me bem

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