trago teu cheiro amendoado
entranhado no pensamento
acordo e escondo-me
ao ver a miragem
a tua silhueta a meu lado
enterro a cabeça na almofada
e parece que te cheiro
queria poder ficar aqui
a cheirar-te eternamente
enterrado nesta almofada
de cheiro a amêndoa doce
terça-feira, 23 de julho de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
tio carrossel
gira sobre si mesmo
o tio carrossel
seus longos braços
tocam montanhas
mares também
se saia o tio tivesse
seria mulher
em baile de aldeia
se sete saias o tio tivesse
seria da nazaré
e teria percebes
os mais frescos da alvorada
o tio carrossel
seus longos braços
tocam montanhas
mares também
se saia o tio tivesse
seria mulher
em baile de aldeia
se sete saias o tio tivesse
seria da nazaré
e teria percebes
os mais frescos da alvorada
sexta-feira, 19 de julho de 2013
tríade
o contraste das cadeiras
fortes,
com as pessoas sentadas
frágeis,
vultos quase transparentes
de tão fracos
quase a desaparecer
-
leio e releio
uma e outra vez
estou preso a esta página
tenho medo, receio
do que o movimento
me traga,
no texto
a mãe pergunta
filho,
que estás a fazer?
e ele responde
na última linha
mãe,
escrevo a minha carta...
-
come a salada
não posso
a cebola fala comigo
e o tomate?
o tomate posso
é mudo
e a cebola não gosta lá muito dele
o pepino
esse nem olha
fortes,
com as pessoas sentadas
frágeis,
vultos quase transparentes
de tão fracos
quase a desaparecer
-
leio e releio
uma e outra vez
estou preso a esta página
tenho medo, receio
do que o movimento
me traga,
no texto
a mãe pergunta
filho,
que estás a fazer?
e ele responde
na última linha
mãe,
escrevo a minha carta...
-
come a salada
não posso
a cebola fala comigo
e o tomate?
o tomate posso
é mudo
e a cebola não gosta lá muito dele
o pepino
esse nem olha
sexta-feira, 12 de julho de 2013
em catadupa
a lágrima que em catadupa abandona o canto do olho
para no fim já sem vida ir morrer ao canto da boca
certos sentimentos são salgados e este como se tivesse toda a água dos oceanos
meus lábios rebentados ardem e preferia já não os ter se já não beijam os teus
para no fim já sem vida ir morrer ao canto da boca
certos sentimentos são salgados e este como se tivesse toda a água dos oceanos
meus lábios rebentados ardem e preferia já não os ter se já não beijam os teus
quinta-feira, 11 de julho de 2013
estuque
ombro deslocado
do pequeno anão
que te vive na massa cinzenta
azul pintada por ele
com balanço corre
e bate violentamente
com o ombro
no interior da casa-crânio
edificada juntos
bate que bate
mas o ombro não retorna
ao seu indivíduo lugar
bate que bate
e o estuque
vai caindo no chão
não havendo ninguém
para o varrer
mesmo que o alguém haja
não há debaixo do tapete
para onde se varra
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