domingo, 27 de fevereiro de 2011

monstrinhos

guardo monstrinhos
peludinhos, gordinhos e feinhos
dentro de caixinhas
no peito guardo monstrinhos
pequeninos monstrinhos
que fumam cigarrinhos

sensual inebriante

casal inebriado
pelo odor sensual
pelos dois emanado
embebido em embriaguez

desarrolhemos mais uma botella
em êxtase sexual
e o néctar conhece o solo
bebamos pois do chão
como gatos
nus e ronronantes

amam-se e consomem-se como animais
no chão agora também embriagado
pelos dois infectado
divinos seres sexuais

cães uivantes

sete cães
ali
deitados contando estrelas
sete reles cães uivantes
ali
deitados de barrigas inchadas
olhando o manto nocturno
de
barrigas gordas de sonhos
olham babados e inchados
de
barrigas cheias de nada

domingo, 6 de fevereiro de 2011

corredor

corredor que corre
apenas corre
sente o vento na cara
nos lábios um travo a natureza
emanado pela bondosa floresta
isso o faz sentir bem
poderia ali viver
a correr
tendo-a a ela
como única companhia
ela que o faz sentir pleno
que lhe alimenta o ser
bastando a presença dela
em seu redor

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

árvore

habitam no seu peito
medonhas criaturas que
lhe devoram as entranhas
são como máquinas
inquietas e estridentes

angustiado

crava as unhas no peito
abre-o com ardor
de lá uma pequena árvore sai
suas pequenas raízes
logo se apressam a agarrar
a terra macia
ele alimenta-a depois
ali sentado regando-a sempre
sempre que sente seus lábios secarem

tempo passa

depressa se torna uma árvore
uma árvore como já teve
frondosa e carregada de frutos
agora paciente resta-lhe esperar
esperar por Ela
que venha colher
os frutos renovados