é verão
e acendi a fogueira
onde repouso diante
ela, pálida a meu lado
cavei uma cova
geminada nas suas medidas
oitenta e seis
sessenta
oitenta e seis
ela, pálida mas aquecida
pela fogueira de verão
no espeto?
não, teu destino é ali
naquela cova
tem as tuas medidas
é a tua cara!
bebo-lhe mais um trago
desta bebida amarga
rotulada "ilusão"
segunda-feira, 23 de julho de 2012
sábado, 21 de julho de 2012
senhor nevoeiro
perdido
e por todos abandonado
calcorreia as serras
ao descer ao sopé de mais uma
vira-se para a contemplar
uma última vez
e vê
como uma mão que envolve
o alto em forma de concha
o senhor nevoeiro
descendo a serra
no seu encalço
até ao seu encontro
o errante
de hambres farto
tira-lhe o partido
e
cortando um naco
sacia sua fome
com um bife de nevoeiro
mais cru que a própria solidão
e por todos abandonado
calcorreia as serras
ao descer ao sopé de mais uma
vira-se para a contemplar
uma última vez
e vê
como uma mão que envolve
o alto em forma de concha
o senhor nevoeiro
descendo a serra
no seu encalço
até ao seu encontro
o errante
de hambres farto
tira-lhe o partido
e
cortando um naco
sacia sua fome
com um bife de nevoeiro
mais cru que a própria solidão
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